domingo, abril 08, 2007

Sunday quiet Sunday

Passado o primeiro minuto já o empregado anotara o pedido de oito chávenas com cafeína. Lançou-me um olhar oblíquo e eu respondi com cara de mau porque não sou abichanado. As namoradas dos meus amigos tinham esquecido as amigas em casa. Aos cinco minutos e meio sentado eu queria ir embora. Chegaram mais dois casais e juntaram-se duas mesas onde éramos apenas dois solteiros. O outro respirava calado mas percebia-se. Com os olhos engolia o bilhar em frente quando os homens se debruçavam na mesa para tacadas numa bola mais difícil. Percebia-se e daí não entendo como o empregado errou.

Alguns amigos chamavam as namoradas numa voz distorcida de professora do Charlie Brown. Assustei-me com o frio nome delas na minha boca como gelo a ser triturado. Depois de casados será assim e pior. Outros amigos contaram histórias com os nomes das namoradas enrolados em saliva rica em mel. Pedi a alguém que me pedisse uma amêndoa amarga bem ácida. O ritual de acasalamento acenava-me duma bandeja em rodopios entre as mesas. Dei dois sorrisos exemplares e uma opinião para evitar que me voltassem a confundir também mudo como o outro. Durante as conversas eu olhava-me nos meus amigos cada vez mais velho e mais patético. Os vidros do bar. O céu e o mar um só escuro.

Horas depois uns foram para casa outros a prolongamento da noite. A minha cama feita cada vez mais perto. Algumas namoradas dos amigos não lhes deram as mãos e meteram-se em carros diferentes. Quando uma namorada minha isto deve ser mais fácil de entender.

Ainda agora cheguei e a satisfação dos tapas sóis da janela do meu quarto fechados. Deito-me aconchegando-me a ti com a mão direita onde queria que estivesses tu. Sem pressa porque afinal amanhã é Domingo de Páscoa. Sunday, quiet Sunday. E não há escuro como o mundo escuro do nosso quarto.

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