Os Meus Dedos às Cócegas nas Tuas Cordas Vocais
Ao Mickey, entre a loira líquida e a gargalhada de uma morena no Reduto
Não pedes com licença ao mundo antes de fechar a porta; desapertas a gravata, o nó na garganta, as chaves e o troco que descansem onde calhar que amanhã logo lhes tiras a paz. Atiras-te à cama e pensas em tudo que é como quem diz não pensas em nada, ou melhor dizem-te porque
(a tal estória dos meus olhos aos olhos dos outros)
o telemóvel tem voz
- Dez e meia, apanho-te
e é o teu melhor amigo e por ser o teu melhor amigo não é possível (fingir) não te compreender
- Vais ficar em casa?
não desistir
- É sexta-feira, noite de sexta-feira
não pensar antes de
- Aconteceu alguma coisa?
empurrar-te para a confusão da rua
- Vai todo o pessoal
onde todo o pessoal são sorrisos que te contagiam, histórias da carochinha com bolinha vermelha que só hás-de contar aos netos, os brindes que levas a sério por compreender que
(- Pessoal estranho)
não têm nada de sério e por isso não é possível que o teu melhor amigo diga
- Vais ficar sozinho?
que a solidão está no quarto, como se a solidão tivesse pés próprios e não precisasse do teu corpo para hospedeiro.
Não pedes com licença ao frigorífico depois de abrir a porta; assaltas restos de comida, o pacote de leite à boca enquanto a bexiga enche-te e sabes que quando fores à casa de banho, a cozinha não fica solitária.
E de vez atiras-te à cama e pensas em tudo que é como quem diz
(não, dizem)
não pensas em nada, nem no teu melhor amigo
- Aconteceu alguma coisa?
que por ser o teu melhor amigo consegue (fingir) compreender que não és tu quem afunda nos lençóis mas o mundo armado em parasita no teu fundo, aos pontapés, sem pés
(roubou-te os teus).
Puxas o fio do candeeiro e apagas a luz do Mundo; sem boa noite aos candeeiros lá fora, nem aos faróis solitários na estrada que iluminam o mundo.
(It’s oh so quiet)
Mil novecentas e oitenta e quatro voltas na cama
(It’s oh so still)
nenhum carneiro contado
(You’re all alone)
uma reza muda onde avisas
o mundo a voltar a ser mundo
e o Mundo apenas o teu quarto, e amanhã a confusão de uma rua.
(And so peaceful until)
Não pedes com licença ao mundo antes de fechar a porta; desapertas a gravata, o nó na garganta, as chaves e o troco que descansem onde calhar que amanhã logo lhes tiras a paz. Atiras-te à cama e pensas em tudo que é como quem diz não pensas em nada, ou melhor dizem-te porque
(a tal estória dos meus olhos aos olhos dos outros)
o telemóvel tem voz
- Dez e meia, apanho-te
e é o teu melhor amigo e por ser o teu melhor amigo não é possível (fingir) não te compreender
- Vais ficar em casa?
não desistir
- É sexta-feira, noite de sexta-feira
não pensar antes de
- Aconteceu alguma coisa?
empurrar-te para a confusão da rua
- Vai todo o pessoal
onde todo o pessoal são sorrisos que te contagiam, histórias da carochinha com bolinha vermelha que só hás-de contar aos netos, os brindes que levas a sério por compreender que
(- Pessoal estranho)
não têm nada de sério e por isso não é possível que o teu melhor amigo diga
- Vais ficar sozinho?
que a solidão está no quarto, como se a solidão tivesse pés próprios e não precisasse do teu corpo para hospedeiro.
Não pedes com licença ao frigorífico depois de abrir a porta; assaltas restos de comida, o pacote de leite à boca enquanto a bexiga enche-te e sabes que quando fores à casa de banho, a cozinha não fica solitária.
E de vez atiras-te à cama e pensas em tudo que é como quem diz
(não, dizem)
não pensas em nada, nem no teu melhor amigo
- Aconteceu alguma coisa?
que por ser o teu melhor amigo consegue (fingir) compreender que não és tu quem afunda nos lençóis mas o mundo armado em parasita no teu fundo, aos pontapés, sem pés
(roubou-te os teus).
Puxas o fio do candeeiro e apagas a luz do Mundo; sem boa noite aos candeeiros lá fora, nem aos faróis solitários na estrada que iluminam o mundo.
(It’s oh so quiet)
Mil novecentas e oitenta e quatro voltas na cama
(It’s oh so still)
nenhum carneiro contado
(You’re all alone)
uma reza muda onde avisas
o mundo a voltar a ser mundo
e o Mundo apenas o teu quarto, e amanhã a confusão de uma rua.
(And so peaceful until)
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