Conto de Carne e Osso
Essa história de te queixares à tua mãe, Srª D. Camélia, de não comeres lasanha de frango há mais de um mês, não ser nada disto que querias quando o Renato te cumprimentou com
- Parabéns, pá
palmadinhas nas costas e tu talvez a desconfiares que nem essa barba rija me impediria de vos manter aqui; a ti e ao teu rabo, plantados no sofá, mesmo que nenhum dos dois tenha já idade para estórias da categoria “era uma vez”.
Lá por não saberes onde colocar o teu polegar viciado em zapping, não saberes se o dedo aguenta a ressaca, porque te arranquei o botão encarnado do comando
(que mais parecia um foguete, que o diga, e disse, melhor miou o gato
-Miauuuuuuuuuu)
apercebe-te ao menos que para não acertar em ti, acertei na cauda cinzenta do felino, e tu
- Drama
provavelmente a pensar na próxima queixinha recompensada com
- Chico, a mãe faz-te a lasanha de frango
algo caricato, como essa fotografia do rally em que tu e os teus amigos finalmente entraram e grudaste no prego, por cima de ti, escapando-te o pormenor que a fita-cola não é a melhor opção, por isso
- A foto caíu
as pessoas sentadas no sofá e de quando em vez, a apanhar contigo e os teus amigos de capacete a lhes rirem no colo, na cabeça, mas na tua cabeça não te cai
- O lixo
que mesmo provada a inexistência da geração espontânea não implica que as larvas não apareçam, nem aparece a peúga que esqueceu-te debaixo de um tapete, comigo a
- Porra
ficar ainda mais fula por nunca conseguir colocar-te na gaveta o par, conseguir perceber que “era uma vez” uma casa que se tornou um espaço demasiado apertado, onde se arruínam coisas, onde se emaranham os nossos domínios, e
(o Renato
- Parabéns, pá)
tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu nunca chegando a ser meu
- Porra
nem teu
-Drama
nem a casa que por vezes é uma pocilga, por vezes o azul vascular a dilacerar entre duas cabeças desvairadas e troncos desnorteados, sem latitudes nem longitudes, incapazes de traçar um mapa porque a bússola nutre-se de pó algures na balbúrdia da dispensa, e a piorar
(a D. Camélia
- Chico, a mãe faz-te a lasanha de frango)
a ausência dos bafos relaxantes no cigarro porque os cinzeiros estão empanturrados, acredita-me
(não chegamos a consenso de quem era a vez de os despejar)
essa história que contaste à tua mãe, já ela conhece desde o dia em que o teu pai acordou em casa e foi
-Porra
-Miauuuuuuuuuu
-Drama
se queixar à tua avó de não comer lasanha de frango há mais de um mês.
- Parabéns, pá
palmadinhas nas costas e tu talvez a desconfiares que nem essa barba rija me impediria de vos manter aqui; a ti e ao teu rabo, plantados no sofá, mesmo que nenhum dos dois tenha já idade para estórias da categoria “era uma vez”.
Lá por não saberes onde colocar o teu polegar viciado em zapping, não saberes se o dedo aguenta a ressaca, porque te arranquei o botão encarnado do comando
(que mais parecia um foguete, que o diga, e disse, melhor miou o gato
-Miauuuuuuuuuu)
apercebe-te ao menos que para não acertar em ti, acertei na cauda cinzenta do felino, e tu
- Drama
provavelmente a pensar na próxima queixinha recompensada com
- Chico, a mãe faz-te a lasanha de frango
algo caricato, como essa fotografia do rally em que tu e os teus amigos finalmente entraram e grudaste no prego, por cima de ti, escapando-te o pormenor que a fita-cola não é a melhor opção, por isso
- A foto caíu
as pessoas sentadas no sofá e de quando em vez, a apanhar contigo e os teus amigos de capacete a lhes rirem no colo, na cabeça, mas na tua cabeça não te cai
- O lixo
que mesmo provada a inexistência da geração espontânea não implica que as larvas não apareçam, nem aparece a peúga que esqueceu-te debaixo de um tapete, comigo a
- Porra
ficar ainda mais fula por nunca conseguir colocar-te na gaveta o par, conseguir perceber que “era uma vez” uma casa que se tornou um espaço demasiado apertado, onde se arruínam coisas, onde se emaranham os nossos domínios, e
(o Renato
- Parabéns, pá)
tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu nunca chegando a ser meu
- Porra
nem teu
-Drama
nem a casa que por vezes é uma pocilga, por vezes o azul vascular a dilacerar entre duas cabeças desvairadas e troncos desnorteados, sem latitudes nem longitudes, incapazes de traçar um mapa porque a bússola nutre-se de pó algures na balbúrdia da dispensa, e a piorar
(a D. Camélia
- Chico, a mãe faz-te a lasanha de frango)
a ausência dos bafos relaxantes no cigarro porque os cinzeiros estão empanturrados, acredita-me
(não chegamos a consenso de quem era a vez de os despejar)
essa história que contaste à tua mãe, já ela conhece desde o dia em que o teu pai acordou em casa e foi
-Porra
-Miauuuuuuuuuu
-Drama
se queixar à tua avó de não comer lasanha de frango há mais de um mês.
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