À Primeira é de Vez (One)
“I admit it...what's to say (…)
I got a sixteen gauge buried under my clothes (…)
I got a backstreet lover on the passenger seat”
Vedder, Gossard; Once
Não é preocupante se te rires descontroladamente. Não é o teu marido que está no teu lado da cama mas bem sabes que é o marido de alguém, logo
- Cláudia, o Renato chegou-me a casa sem aliança
perante uma cena destas no palco dos teus lençóis, bem sabes que
(“uma imagem vale mais que mil palavras”)
é despreocupante se te apeteceu rasgar as cortinas brancas do quarto e fingir que baixas de vez o pano, evitando a estreia desta peça, evitando essa tua ânsia por substituir a imagem que vês pelas mais que mil palavras; podes tentar
(fechar os olhos e desejar com força)
esquecer-te da mandíbula descaída, dos teus olhos mais inabaláveis do que um morto e
(concentra-te no teu respirar: um, dois, três…)
admira-te que mantenhas a verticalidade ao encarar outra pele que não a tua no teu lado da cama, um batom que é o teu ilustrando outros vincos labiais, mas
(tu nem gostas daquele tom rosado)
reparas no carimbo epidérmico acusando um dedo nu e
- Cláudia, o Renato chegou-me a casa sem aliança
mesmo que os conseguisses agredir com
-Bang! Bang!
descrições da imagem que vês, eles não te iriam compreender, talvez porque
(convém fingir não te perceber)
deixaram de te olhar de pés fixos em harmonia com a gravidade, a mão dormente não pela maçaneta fria da porta, escancarada, e no quarto, no fundo
- Não é nada do que estás a pensar
(convém fingir que quem não percebeu foste tu)
convinha acreditar que não te viraram ao contrário no mundo, nem te enterraram a cabeça ainda mais que a de uma avestruz, e o cérebro no fundo do fundo, às piruetas, como quando colocas na máquina de lavar essa camisa de noite cor-de-rosa que vês; a cobrir
(da mesma cor do batom que também é teu, mas tu nem gostas daquele tom rosado)
uma maçã-de-adão que arrefece no teu lado da cama e embora a reconheças e a esse dedo nu
- Cláudia, o Renato chegou-me a casa sem aliança
sabes bem que se conseguisses falar, de nada te adianta conheceres milhares de palavras porque
(de muito te adianta teres um revólver em casa quando não o queres usar, ou seja, não é a mesma coisa que não o ter)
há imagens que nos cortam a língua e dão corda aos maxilares e tu não te libertas do
- Bang! Bang!
duplo estrondo entre momentos
dentro de momentos
no palco dos teus lençóis, o apodrecimento de uma maçã que é do teu marido, porque embora não estejas no teu lado da cama, sabes bem que ao lado do teu marido expira a validade de uma outra maçã, do marido de alguém, logo
- (…) a casa sem aliança
não é preocupante se te rires descontroladamente entre momentos
por momentos
evitas essa ânsia por substituir a imagem que vês emoldurada no que era a vossa cama; o chantilly até combina com morangos, tal como um cortinado branco a cobrir duas sangrentas maçãs-de-adão
(e tu que nem gostas do tom rosado).
I got a sixteen gauge buried under my clothes (…)
I got a backstreet lover on the passenger seat”
Vedder, Gossard; Once
Não é preocupante se te rires descontroladamente. Não é o teu marido que está no teu lado da cama mas bem sabes que é o marido de alguém, logo
- Cláudia, o Renato chegou-me a casa sem aliança
perante uma cena destas no palco dos teus lençóis, bem sabes que
(“uma imagem vale mais que mil palavras”)
é despreocupante se te apeteceu rasgar as cortinas brancas do quarto e fingir que baixas de vez o pano, evitando a estreia desta peça, evitando essa tua ânsia por substituir a imagem que vês pelas mais que mil palavras; podes tentar
(fechar os olhos e desejar com força)
esquecer-te da mandíbula descaída, dos teus olhos mais inabaláveis do que um morto e
(concentra-te no teu respirar: um, dois, três…)
admira-te que mantenhas a verticalidade ao encarar outra pele que não a tua no teu lado da cama, um batom que é o teu ilustrando outros vincos labiais, mas
(tu nem gostas daquele tom rosado)
reparas no carimbo epidérmico acusando um dedo nu e
- Cláudia, o Renato chegou-me a casa sem aliança
mesmo que os conseguisses agredir com
-Bang! Bang!
descrições da imagem que vês, eles não te iriam compreender, talvez porque
(convém fingir não te perceber)
deixaram de te olhar de pés fixos em harmonia com a gravidade, a mão dormente não pela maçaneta fria da porta, escancarada, e no quarto, no fundo
- Não é nada do que estás a pensar
(convém fingir que quem não percebeu foste tu)
convinha acreditar que não te viraram ao contrário no mundo, nem te enterraram a cabeça ainda mais que a de uma avestruz, e o cérebro no fundo do fundo, às piruetas, como quando colocas na máquina de lavar essa camisa de noite cor-de-rosa que vês; a cobrir
(da mesma cor do batom que também é teu, mas tu nem gostas daquele tom rosado)
uma maçã-de-adão que arrefece no teu lado da cama e embora a reconheças e a esse dedo nu
- Cláudia, o Renato chegou-me a casa sem aliança
sabes bem que se conseguisses falar, de nada te adianta conheceres milhares de palavras porque
(de muito te adianta teres um revólver em casa quando não o queres usar, ou seja, não é a mesma coisa que não o ter)
há imagens que nos cortam a língua e dão corda aos maxilares e tu não te libertas do
- Bang! Bang!
duplo estrondo entre momentos
dentro de momentos
no palco dos teus lençóis, o apodrecimento de uma maçã que é do teu marido, porque embora não estejas no teu lado da cama, sabes bem que ao lado do teu marido expira a validade de uma outra maçã, do marido de alguém, logo
- (…) a casa sem aliança
não é preocupante se te rires descontroladamente entre momentos
por momentos
evitas essa ânsia por substituir a imagem que vês emoldurada no que era a vossa cama; o chantilly até combina com morangos, tal como um cortinado branco a cobrir duas sangrentas maçãs-de-adão
(e tu que nem gostas do tom rosado).
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